As maiores deficiências encontradas pelas autoridades nos restaurantes e estabelecimentos que vendem comida é a falta de higiene e de formação de quem manipula os alimentos, uma situação que chega a ser considerada "preocupante".
Lurdes Gonçalves, responsável da Direcção-Geral da Fiscalização e Controlo da Qualidade Alimentar (DGFCQA), admitiu que a falta de formação dos manipuladores de alimentos é uma das infracções mais detectadas pelas equipas de fiscalização.
"Infelizmente a falta de formação é muitas vezes uma constante. O que por vezes acontece é que há pessoas que só vão trabalhar para a restauração porque não têm outro trabalho", comentou.
Apesar de a legislação prever incentivos aos estabelecimentos que tenham códigos de boas práticas de higiene e manipulação de alimentos, a sua elaboração não é obrigatória. Lurdes Gonçalves sublinhou que é "muito importante" que o sector da restauração tenha um código de boas práticas, mas assumiu que por vezes esse código não é cumprido.
A par da ausência de formação, também a falta de higiene é uma das infracções mais detectadas pelas equipas de fiscalização da DGFCQA, não só nos restaurantes mas também nas unidades hoteleiras.
A título de exemplo, nos primeiros cinco meses de 2004 foram inspeccionados 245 estabelecimentos hoteleiros, em que se detectaram 78 infracções por falta de higiene e 38 por falta de formação dos manipuladores de alimentos.
Em 2003, quando as autoridades intensificaram a inspecção a unidades hoteleiras para preparar o Euro 2004, a situação era ainda pior.Dos 346 estabelecimentos vistoriados, foram encontradas 114 infracções por falta de higiene e 51 por falta de formação do pessoal que contacta com os alimentos.
Apesar de admitir que "são situações preocupantes", Lurdes Gonçalves sublinhou que as infracções detectadas não tiveram gravidade significativa, já que este ano só foi suspensa a actividade de três unidades hoteleiras.
A responsável afirmou que "há falhas e infracções, mas a quantidade de actividades suspensas mostra que estas não são muito graves", sublinhando que as condições de higiene na restauração portuguesa "têm melhorado muito nos últimos anos".
Fonte: Público