Os casos de brucelose no gado ovino e caprino e da consequente febre de Malta nos humanos diminuíram “significativamente” em Portugal nos últimos anos devido ao programa de erradicação da doença, que no entanto, ainda revela algumas deficiências.
A conclusão consta de uma inspecção de três peritos do Gabinete Veterinário e Alimentar da União Europeia (UE) realizada entre 12 e 16 de Julho de 2004 para avaliar a eficiência do Programa de Erradicação da Brucelose no gado caprino e ovino no país.
Os inspectores comunitários analisaram explorações, laboratórios, matadouros e locais de processamento de leite na Beira Interior e Trás-os-Montes.
Os veterinários constataram que o número de casos de brucelose nos humanos - conhecida como febre de Malta, habitualmente transmitida através do leite ou do queijo fresco - diminuiu de forma “significativa”, tendo passado de 683 casos em 1999 para 139 em 2003.
Nos últimos anos, a tendência foi sempre de decréscimo, tendo sido estabelecida uma “task force”, em Junho de 2004, para combater a doença.
No que respeita à brucelose, o relatório revela que em 6 das 7 regiões cobertas pelo programa comunitário, “foram feitos progressos no que respeita à erradicação da doença (prevalência e incidência nos rebanhos) nos anos mais recentes”.
No documento lê-se que “o desenvolvimento de vacinas e as mudanças na política de vacinação nas áreas de alta incidência da doença aceleraram a erradicação. A cobertura das explorações melhorou e mais de 92 por cento foram testadas pelo menos uma vez em 2003”.
Por isso, “as estatísticas mostram uma queda significativa” do número de explorações infectadas entre 2002 e 2003 e nas regiões envolvidas no programa de erradicação - Algarve, Alentejo, Beira Interior, Beira Litoral, Entre Douro e Minho, Ribatejo e Oeste e Trás- os-Montes - a incidência da doença diminuiu, em alguns casos para metade.
Depois de terem sido detectadas deficiências, em especial em Trás-os-Montes e apesar dos resultados serem positivos, há ainda várias correcções a fazer por parte das autoridades portuguesas.
Entre estas está a diminuição do número de testes aos animais devido à falta de pessoal e a falta de supervisão pelos serviços oficiais na identificação de controlo de movimentos.
Registam-se ainda atrasos - muitas vezes de 11 meses - entre os testes efectuados, o abate de animais e a notificação pelos agricultores, bem como falhas no que respeita à desinfecção de quintas, veículos de transporte e matadouros.
Na região transmontana - onde a incidência da doença diminuiu para metade de 2002 para 2003 - , a situação é particularmente criticada devido ao atraso na revacinação dos animais adultos, um facto justificado por Portugal com a necessidade de ter que vacinar mais de 300 mil animais num período de dois anos.
Também aqui, o único matadouro aprovado para o abate sanitário recusa o mesmo nas alturas de pico como a Páscoa e o Natal.
Entre os aspectos positivos, está o facto dos “sistemas de registo das explorações, identificação de animais e controlo de movimentos estarem em prática”, o Programa Informático de Saúde Animal em vigor e ter sido transposta a legislação comunitária.
Na inspecção dos estabelecimentos de processamento de leite, os veterinários comunitários detectaram falhas na notificação às autoridades de saúde sobre a presença de animais infectados nas quintas: “ocasionalmente, ocorrem longos prazos entre os testes e a notificação, o que alonga o impedimento do consumo de leite”.
Nas recomendações, Bruxelas aconselha que os sistemas de revacinação de animais adultos e os testes serológicos sejam realizados em Trás-os-Montes, uma melhoria nos registos e a identificação de animais nos controlos.
Portugal tem agora um mês para elaborar um plano de acção detalhado para pôr em prática as recomendações da Comissão Europeia.
Fonte:Agroportal