António Mota Miranda, especialista em doenças infecto-contagiosas, alertou para o risco de agentes microbianos responsáveis pela transmissão de infecções animais ao Homem serem usados em atentados bioterroristas.
De acordo com aquele especialista, que é director do Serviço de Infecto-Contagiosas do Hospital de S. João, Porto, estão identificadas mais de duas centenas de infecções deste tipo, conhecidas como zoonoses.
Mota Miranda realçou que "não vem a despropósito considerar a possibilidade de vários dos seus agentes serem usados no bioterrorismo".
A "Doença das vacas loucas" ou a "Febre [hemorrágica] de Marburg" são algumas das zoonoses mais conhecidas, mas o director de Infecto-Contagiosas do "S. João" mostrou-se particularmente preocupado com o vírus da "Gripe das aves", o Influenza A-H5N1.
Em Maio de 1997, este vírus foi isolado pela primeira vez em humanos e matou seis de 18 pessoas por ele afectadas em Hong Kong.
"O possível re-arranjo do vírus torna-o capaz de originar uma pandemia com proporções semelhantes à observada com a gripe espanhola" de 1918 a 1920, que fez 40 milhões de mortos, afirmou.
Face a este e outros riscos de pandemias associadas a zoonoses emergentes ou re-emergentes, o responsável considera "fundamental" o reforço de campanhas de esclarecimento da população.
Melhorar os sistemas de vigilância epidemiológica, clínica e laboratorial, intensificar a colaboração com as autoridades veterinárias e investir no desenvolvimento de novas vacinas são outras medidas preconizadas por António Mota Miranda, que recomenda ainda cuidados acrescidos na alimentação e higiene com os animais, mesmo os de estimação.
O director de Infecto-Contagiosas do Hospital de S. João, realçou que numerosos animais, selvagens e domésticos, podem ser hospedeiros e responsáveis pela transmissão, directa ou indirecta, de infecções animais ao Homem.
Os modos de transmissão são diversos, podendo ocorrer por inalação, ingestão de água ou alimentos contaminados, contacto directo a mordedura de animais.
Fonte: AgroPortal