Um estudo realizado pelo Observatório da Publicidade constatou que as bolachas, os snacks e os aditivos para o leite, todos com açúcar, são o grupo alimentar mais anunciado em publicidade dirigida a crianças na televisão e imprensa.
O estudo realça que os alimentos que incluem açúcar representam 61,1% dos anúncios analisados.
O estudo incidiu sobre 108 anúncios de produtos alimentares dirigidos a crianças, seleccionados a partir de 768 visionamentos e divulgados na televisão e na imprensa portuguesas entre Abril e Junho deste ano.
O Observatório destaca que a importância da análise a este tipo publicidade se enquadra "no contexto da alimentação equilibrada, do aumento da taxa de obesidade infantil e do papel da publicidade neste fenómeno".
Os resultados indicam que o grupo alimentar classificado como "Açúcar e Açucarados" (bolachas, snack e aditivos para o leite, refrigerantes e rebuçados), recolheu 25% dos anúncios sobre alimentos dirigidos a crianças, seguindo-se o dos Lacticínios + Açucarado Aromatizado (iogurtes, leites e gelados), com 19,4%.
Em terceiro lugar surge a categoria de Cereais + Açucarado (bolachas, cereais, barras de cereais) com 16,7% dos anúncios.
No que toca à publicidade emitida pela televisão, o estudo assinala que o número de repetições (inserções), "revela que a maioria dos anúncios emitidos (69,7%) está concentrada nestes três grupos, embora com uma inversão de posição: 27,6% dos anúncios emitidos corresponde ao grupo Cereais + Açucarado, tendo os outros dois grupos um peso semelhante, de 21%".
O Observatório da Publicidade indica também que é na televisão "que se assiste a uma maior diversidade de campanhas, com uma fortíssima intensidade", sendo este o meio "mais acessível a crianças".
O estudo destaca ainda que "a publicidade relativa aos alimentos para crianças recorre quase sempre a personagens (92,6%)" e que, entre estas, a principal surge maioritariamente com o género masculino (54,0%).
O que leva o Observatório a concluir que a linguagem empregue neste tipo de publicidade dirigida a crianças privilegia o "universo masculino em detrimento do feminino, que tem uma reduzida expressão (18,0%)".
Tal poderá significar que a caracterização da personagem mascote é feita com recurso a uma "uma simbologia associada aos rapazes (jovens), à energia e vitalidade (jogar e correr), enquanto que as meninas são associadas a brincadeiras menos dinâmicas".
Perante isto, as conclusões do estudo indicam que "este domínio do género masculino pode sugerir que a publicidade para este público-alvo juvenil começa, desde logo, a veicular o estereótipo da sociedade onde o homem mantém ascendente sobre a mulher ao nível da actividade e energia".
Fonte: AgroPortal