Uma grande epidemia de gripe humana poderá fazer até cem milhões de mortos em todo o mundo, segundo o cenário mais pessimista da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de vários cientistas.
Em Portugal, um relatório do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) apresentado em Junho deste ano sobre os "Cenários preliminares para uma eventual pandemia" refere três cenários hipotéticos, o pior dos quais aponta para 11.166 mortos.
O vírus H5N1 da gripe aviária que causou na Ásia a morte de milhões de aves e de mais de 60 pessoas desde 2003 é considerado como um dos "melhores candidatos" para se transformar num vírus pandémico se se adaptar ao Homem.
Foi o que se passou na pandemia de gripe espanhola em 1918/19, a primeira do século XX: um subtipo gripal completamente novo apareceu, contra o qual o Homem não estava imunizado, e propagou-se por todo o mundo em menos de meio ano, fazendo perto de 40 milhões de mortos.
A primeira pandemia de gripe do século XXI poderá atingir 20 por cento da população mundial, cerca de 30 milhões de pessoas precisarão de ser hospitalizadas, um quarto das quais morrerá, segundo um cenário evocado no final de Dezembro na revista Science por um cientista e por outro especialista da OMS.
No caso de Portugal, segundo o mesmo relatório do INSA, o pior cenário, para uma duração máxima de 20 semanas da pandemia, corresponderia a uma "taxa de ataque" de 35 por cento da população portuguesa (cerca de 3,6 milhões de pessoas), a 1,9 milhões de consultas e a 46.500 hospitalizações.
Segundo o director regional da OMS, Shigeru Omi, "as avaliações mais prudentes apontam para sete a dez milhões de mortes a nível mundial, mas o máximo poderá ser de cinquenta milhões ou até mesmo, no pior dos cenários, cem milhões", Estas diferentes estimativas baseiam-se particularmente na mortalidade (dois por cento dos doentes) verificada durante a pandemia de gripe espanhola, nas mudanças ocorridas de um hemisfério ao outro, mas também nos progressos sanitários.
O impacto depende também da virulência do vírus. O detectar a tempo, isolar e tratar os primeiros doentes poderá permitir conter a epidemia, atrasar e até mesmo evitar uma pandemia, segundo outros investigadores.
Para descobrir como avaliar o aparecimento de uma epidemia, os cientistas estudaram diferentes cenários de uma epidemia provocada por um vírus H5N1 "humanizado" com início numa zona rural da Tailândia (85 milhões de habitantes).
A identificação rápida do ou dos primeiros casos e a administração, se possível dentro de 48 horas, de um anti-viral como o oseltamivir (de nome comercial Tamiflu) a pessoas susceptíveis de terem sido contaminadas são preconizadas, a par de uma restrição dos contactos humanos nas zonas em causa.
Existe uma "estratégia aplicável para circunscrever a próxima pandemia de gripe", que oferece "a possibilidade de evitar milhões de mortes", conclui uma equipa de cientistas num estudo publicado em Agosto na revista Nature.
Para tal será necessário dispor de um stock de "três milhões de medicamentos antivirais, ou mais" e tratar se possível "mais de 90 por cento" da população visada.
No âmbito de outros cenários estudados, uma equipa americana concluiu que seria necessário que os medicamentos chegassem "em duas ou três semanas" para conter uma epidemia numa comunidade rural de 500 mil pessoas na Ásia.
A OMS, a quem o grupo farmacêutico suíço Roche ofereceu medicamentos anti-virais para três milhões de pessoas, previu constituir stocks de Tamiflu em diferentes países asiáticos.
Um eventual vírus da gripe das aves com capacidade de transmissão entre humanos deverá ser circunscrito num período de "duas a quatro semanas" após o seu aparecimento, caso contrário - alertou terça-feira em Nouméa um especialista da OMS - será "impossível de controlar"
UE Propõe Conferência Internacional para Ajudar Países Asiáticos
A Comissão Europeia propôs a organização de uma conferência internacional de doadores para ajudar os países asiáticos no combate à Gripe das Aves e assim evitar uma pandemia.
"Pensamos que a melhor defesa para a Europa é atacar este problema na raiz, e actualmente a raiz está no sudeste asiático", afirmou o Comissário europeu para a Saúde, Markos Kyprianou, citado pelo jornal.
Kyprianou apresentou esta proposta terça-feira durante uma reunião dos ministros da Agricultura da União Europeia e a questão vai ser hoje debatida em Washington por responsáveis da Comissão com representantes do Banco Mundial.
Bruxelas pretende obter o envolvimento da Organização Mundial de Saúde (OMS) e das várias agências das Nações Unidas neste processo.
A iniciativa da Comissão Europeia surge na sequência do apelo lançado pelo presidente norte-americano, George W. Bush, nas Nações Unidas, na semana passada, a favor de uma parceria internacional para lutar contra esta doença.
A ministra da Saúde da Indonésia tinha avisado quarta-feira que o país estava a enfrentar uma epidemia da Gripe das Aves, na sequência da morte, nesse mesmo dia, de uma menina de cinco anos, suspeita de estar infectada com a doença.
Se os exames laboratoriais o confirmarem, será a 64ª vítima mortal contaminada pelo vírus H5N1 desde a descoberta da doença no sudeste da Ásia, em finais de 2003.
O vírus H5N1, identificado pela primeira vez em 1997, afecta sobre as aves de dez países do sudeste asiático, mas já chegou à Rússia e ao Cazaquistão.
Os especialistas da OMS consideram inevitável uma mutação no H5N1 que o tornará transmissível na cadeia humanas, apenas desconhecem quando isso vai acontecer.
Governo Autoriza Compra de Anti-viral contra a Gripe das Aves
Foi publicada ontem, em Diário da República, uma resolução do Conselho de Ministros que autoriza a despesa com a aquisição do medicamento anti-viral Oseltamivir contra o vírus da gripe das aves, num montante global de 22,58 milhões de euros.
A resolução do Conselho de Ministros 150/2005, diz que o Governo «entende ser necessário adquirir anti-virais a utilizar como tratamento e profilaxia prolongada».
Já Não É Proibida a Criação de Frangos ao Ar Livre na Holanda
Com a confirmação da gripe das aves altamente patogénica na Rússia e a possível ameaça de que a enfermidade pudesse entrar na União Europeia, através das aves migratórias, o Governo holandês decidiu proibir a criação de frangos ao ar livre.
No entanto, a dita restrição lá foi levantada, lemos no Agrodigital, porque a Comissão Europeia advertiu que caso a proibição permanecesse acima das 6 semanas a carne e os ovos produzidos não poderiam ser etiquetados como procedentes de animais criados ao ar livre.
Os especialistas comunitários consideram que o risco de transmissão, na União Europeia, da enfermidade através de aves migratórias é mínimo, pelo que defendem não ser necessário que as aves tenhas de permanecer confinadas de forma obrigatória.
Indonésia Admite Enfrentar Epidemia da Gripe das Aves
Depois da morte de uma criança de cinco anos suspeita de ter sido infectada pelo vírus H5N1, a ministra da Saúde da Indonésia, Siti Supari, admitiu que o país está a enfrentar uma epidemia de gripe das aves.
A responsável adiantou que o surgimento de novas contaminações é provável, já que as fontes de infecção da doença não estão identificadas.
A Embaixada de Portugal na Indonésia aconselha os portugueses que vivam ou queiram viajar para o país a vacinar-se contra a gripe “normal” e a procurar informação actualizada sobre a gripe das aves.
Fonte: DN, JN, Lusa e Confagri