A produção portuguesa de kiwis deverá manter-se este ano na ordem das 10.000 toneladas e a colheita será pouco homogénea, com frutas de calibre grande e pequeno, adiantou hoje a associação do sector.
De acordo com Fernão Veloso, da direcção da Associação Portuguesa de Kiwicultores (APK), a nível mundial esta deverá ser, contudo, a maior produção de sempre, quer devido ao aumento das áreas de plantação, quer às boas condições climáticas e do solo, melhoria das técnicas de produção e novas variedades em cultivo.
Desta forma, salientou, é essencial que os produtores se empenhem em dinamizar a procura, para que esta corresponda à «forte oferta» que se avizinha, e ao mesmo tempo apostem na qualidade da produção.
É que, sustentou, «cada vez mais a venda de kiwi de qualidade marginal terá dificuldade em perdurar no mercado».
De acordo com Fernão Veloso, actualmente é já possível garantir a oferta ao consumidor de fruta de qualidade, uma vez que existe tecnologia capaz de identificar a qualidade interna dos frutos sem estes serem destruídos, separando os de qualidade duvidosa.
A decorrer desde início de Novembro e neste momento em fase final, a colheita portuguesa de kiwis deverá manter-se aos níveis dos últimos três anos, nas 10.000 toneladas.
As principais zonas produtoras do país são o Entre Douro e Minho e a Beira Litoral que representavam, em 2002, cerca de 80 e 18%, respectivamente, da área total de pomares de kiwis no continente.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), em 1999 existiam em Portugal 778 hectares de kiwi e 980 explorações, o que face a 1998 representou um crescimento de 27% na área e de 77% no número de produtores.
Já de acordo com dados da Direcção Regional de Agricultura do Entre Douro e Minho, a produção de kiwis foi, no triénio 1999-2001, a actividade que maior margem bruta garantiu entre as principais culturas de fruta da região (pêssego, maçã, cereja e pêra).
Até agora muito voltados para o mercado interno, os produtores portugueses de kiwi «têm necessariamente de se virar para o exterior», já que, segundo a APK, a produção começa a superar a procura.
De acordo com Fernão Veloso, nos últimos três anos tem já sido feito algum esforço exportador, justificado quer pela maior qualidade da produção, quer pela valorização superior do fruto nos mercados externos.
Este esforço, referiu, tem sido liderado pela Eurofrutas, que comercializa em exclusivo os kiwis dos entrepostos Frutas Douro a Minho, Kiwisol e Kiwicultores do Alto Minho.
Espanha tem sido o mercado de eleição, mas segundo Fernão Veloso também a Inglaterra, Dinamarca e Holanda têm absorvido pequenas quantidades da produção portuguesa.
«Na presente campanha a Eurofrutas exportou 35% dos kiwis nacionais que comercializou, com um acréscimo de valorização de 30 cêntimos face aos preços obtidos no mercado português», adiantou.
Na última campanha, o preço por quilo do kiwi comercializado em Portugal rondou os 60 cêntimos.
Os preços de venda são ditados pelo principal produtor mundial deste fruto, a Itália (415 mil toneladas previstas este ano), seguido da China (300 mil toneladas), Nova Zelândia (280 mil), Chile (120 mil), Irão (95 mil), França (63 mil) e Grécia (40 mil).
Portugal surge como o 11/o produtor mundial de kiwi, ao mesmo nível da Argentina, Brasil e Coreia.
Segundo a APK, o kiwi português apresenta como vantagens face aos seus concorrentes «a doçura e o sabor», resultado da colheita tardia, perto da maturação fisiológica do fruto, apenas possível devido à ausência de geadas de Outono.
Adicionalmente, refere, pela sua adaptação ao solo e clima, o kiwi português pode ser produzido sem a aplicação de pesticidas.
Dado o potencial de crescimento e rentabilidade da actividade, estão actualmente a ser realizadas novas plantações de kiwis no Entre Douro e Minho (250 hectares) e na Beira Litoral (100 hectares).
Fonte: Lusa