Cerca de metade dos lares portugueses consumiram refeições congelados pré-confeccionados em 2004, produtos que, na opinião de vários especialistas, não oferecem perigo para a saúde pública.
Em Portugal Continental, 1,74 milhões de lares consumiram produtos alimentares congelados pré-confeccionados, o que representa 49,6% do universo de um estudo realizado pela Marktest sobre o consumo de refeições alimentares nos lares portugueses em 2004.
O Grande Porto destaca-se das restantes regiões, pois aqui o consumo destas refeições é comum em 55,9% dos lares.
Já na Grande Lisboa, o consumo regista-se em 49,3% dos lares.
No Sul e no Interior Norte o consumo está abaixo da média, respectivamente 47,6 e 47,8%.
As camadas mais jovens são as principais adeptas deste género de refeições.
Seis em cada dez lares onde os responsáveis pelas compras domésticas têm menos de 34 anos (inclusive) consomem habitualmente estes produtos alimentares congelados.
Questionada sobre o impacto deste consumo na saúde pública, a nutricionista Helena Cide, membro da Associação Portuguesa dos Nutricionistas (APN), afirmou que «embora estes produtos sejam uma ajuda para as pessoas que têm pouco tempo para cozinhar, devem ser usados com conta peso e medida, uma vez que têm uma quantidade considerável de gordura e sal».
Acrescentou ainda que «a verdade é que nós próprios não fazemos comida muito saudável em casa. Muitas vezes, as pessoas acabam por confeccionar pratos com iguais níveis de gordura e sal».
De acordo com Fernanda Mesquita, professora catedrática do Instituto Superior de Ciências da Saúde do Egas Moniz, os produtos alimentares congelados pré-confeccionados podem ser tão nocivos para a saúde quanto a comida caseira conservada no congelador.
«A congelação faz uma retroacção do amido existente, podendo aumentar o índice de glicemia dos pratos» explicou Fernanda Mesquita, dando o exemplo «uma sopa confeccionada em casa quando é reaquecida, depois de ter estado um período de tempo no congelador, tem um índice de glicemia diferente de uma sopa comida no momento em que é cozinhada».
Segundo Nuno Nunes, vice-presidente da APN, o consumo deste tipo de produtos não oferece qualquer perigo para a saúde pública, desde que sejam cumpridas a regras de conservação.
«Este género de produtos congelados pré-confeccionados têm vantagens: poupam tempo e mantêm as características iniciais dos produtos (o seu valor nutricional). Muitas vezes, são de qualidade igual ou superior aos alimentos frescos», defende Nuno Nunes.
Fonte: Diário Digital