Um grupo de investigadores da China, da Áustria e da Universidade de Southampton, no Reino Unido, manipulou o microbioma das plantas, pela primeira vez, aumentando a prevalência de bactérias que protegem as plantas de pragas.
As descobertas, publicadas na Nature Communications, podem substancialmente reduzir a necessidade de pesticidas, apontam os cientistas.
“Pela primeira vez, conseguimos mudar a composição do microbioma de uma planta de forma direcionada, aumentando o número de bactérias benéficas que podem proteger a planta de outras bactérias nocivas”, explica o coautor do artigo, Tomislav Cernava.
O avanço foi alcançado “nas culturas de arroz, mas a estrutura que criámos pode ser aplicada a outras plantas e desbloquear outras oportunidades para melhorar o seu microbioma. Por exemplo, os micróbios que aumentam o fornecimento de nutrientes às culturas podem reduzir a necessidade de fertilizantes sintéticos”.
A equipa de investigação internacional descobriu que um gene específico encontrado no aglomerado de biossíntese de lignina da planta do arroz está envolvido na formação do seu microbioma. A lignina é um polímero complexo encontrado nas paredes celulares das plantas – a biomassa de algumas espécies vegetais consiste em mais de 30% de lignina.
Em primeiro lugar, observou-se que, quando esse gene foi desativado, existiu uma diminuição na população de certas bactérias benéficas.
Depois, foi feito o oposto, para que o gene produzisse mais de um tipo específico de metabólito – uma pequena molécula produzida pela planta hospedeira durante os seus processos metabólicos. Tal aumentou a proporção de bactérias benéficas no microbioma da planta.
Quando essas plantas modificadas foram expostas à Xanthomonas oryzae – um patógeno que causa praga bacteriana em plantações de arroz – eram substancialmente mais resistentes a ele do que o arroz do tipo selvagem.
Fonte: Vida Rural