31 de Outubro de 2024
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Corante dos Doritos torna pele transparente para investigação científica
2024-09-14

Uma nova técnica temporária e não invasiva serve para monitorizar animais vivos nas investigações em laboratório. Os cientistas acreditam que esta é a primeira abordagem não invasiva que possibilita a visibilidade de órgãos internos vivos.

Um corante que dá aos Doritos a cor laranja também pode tornar os tecidos do corpo transparentes. A aplicação da corante na pele de ratinhos vivos permitiu que os cientistas conseguissem observar vasos sanguíneos e órgãos internos sem qualquer cirurgia, incisões ou danos em ossos ou na pele dos animais.

A técnica, que é reversível, funciona alterando a forma como o tecido interage com a luz e é um método menos invasivo para monitorizar animais vivos utilizados na investigação médica, revela um estudo publicado na revista Science.

Uma transparência temporária que pode ser desfeita com uma lavagem.

A técnica funciona alterando a forma como os tecidos do corpo, que são normalmente opacos, interagem com a luz. Os fluidos, as gorduras e as proteínas que compõem tecidos como a pele e os músculos têm índices de refração diferentes (medição da propagação da luz numa substância): componentes aquosos têm índices de refração baixas, enquanto os lípidos e as proteínas têm índices elevados.

Os tecidos parecem opacos porque o contraste entre estes índices de refração faz com que a luz se disperse. Os investigadores especularam que adicionar a esses tecidos um corante que absorve fortemente a luz pode reduzir o fosso entre os índices de refração dos componentes o suficiente para os tornar transparentes.

“Quando um material absorve muita luz de uma só cor, irá dobrar a luz noutras cores”, diz o coautor de estudo Guosong Hong, professor assistente de ciência e engenharia de materiais da Universidade de Stanford, na Califórnia.

Ao aplicar num ratinho de laboratório um corante alimentar comum chamado tartrazina (corante E102) que absorve a luz, a equipa conseguiu tornar os tecidos temporariamente transparentes, permitindo-lhes ver dentro dos vasos sanguíneos do cérebro e o movimento dos órgãos internos sob a pele do abdómen e pequenas unidades de músculo a funcionar.

E, tão facilmente como aconteceu, a transparência foi revertida e a pele não ficou com a cor alterada.

“Assim que lavámos e massajámos a pele com água, o efeito foi revertido em poucos minutos. É um resultado impressionante", afirma Guosong Hong.

O potencial do tecido transparente

Até ao momento, a investigação só foi feita em animais, mas se esta técnica puder ser utilizada nos humanos poderá proporcionar uma série de benefícios biológicos, de diagnóstico e até cosméticos, considera Hong.

Por exemplo, em vez de biópsias invasivas, o exame para detetar melanoma poderá ser feito olhando diretamente para o tecido de uma pessoa sem o remover. Esta abordagem também poderá substituir alguns raios X e tomografias computorizadas e tornar a recolha de sangue menos dolorosa, porque ajudará os técnicos a encontrar facilmente as veias. Também poderá melhorar serviços como a remoção de tatuagens a laser, ajudando a concentrar os feixes de laser precisamente onde o pigmento está sob a pele.

“Isto pode ter um impacto nos cuidados de saúde e evitar que as pessoas passem por exames invasivos. Se pudéssemos simplesmente olhar para o que está a acontecer debaixo da pele em vez de cortar ou usar a radiação, poderíamos mudar a forma como vemos o corpo humano", disse Hong.

Fonte: SIC Notícias

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