A Viniportugal anunciou sexta-feira o arranque, para o início de 2005, da Agência Coordenadora de Investigação e Desenvolvimento do vinho português que, na linha das orientações do relatório Porter, assegurará a ligação entre investigadores e empresas.
De acordo com a entidade encarregue da promoção dos vinhos portugueses, a Agência de I&D irá arrancar «sem esperar pelo sinal verde do Governo», mesmo que para isso tenha que avançar com uma estrutura mais pequena.
Conforme salienta a Viniportugal, a agência surge na sequência das orientações do estudo encomendado pela associação ao Monitor Group, do economista Michael Porter, e que «não deixou margem para dúvidas».
«Para o “cluster” do vinho português ser o mais competitivo possível seria necessário criar uma agência coordenadora de investigação e desenvolvimento para assegurar a coordenação a nível de I&D e implementar uma eficaz estratégia de inovação», explica.
O responsável pelo grupo de trabalho que concebeu a agência sustenta que a área de I&D em Portugal é «pouco articulada», porque «quase não há diálogo entre os investigadores e as empresas».
Isto apesar de as empresas serem precisamente «os potenciais utilizadores dessa mesma investigação», destaca Tim Hogg, professor da Faculdade de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa.
«A Viniportugal soube identificar este problema e por isso vai ser criada a Agência de I&D, para combater esta preocupante ausência de articulação», refere.
Segundo recorda, o último dos dois estudos encomendados ao Monitor Group de Porter apontou a área de I&D como «parte da estrutura clássica do “cluster” do vinho» e salientou ser necessário «que a investigação seja pertinente e adequada às necessidades do sector».
Segundo o investigador, pretende-se que a Agência de I&D tenha «um grande impacto com pouco esforço», o que acredita ser possível devido à «grande qualidade» dos grupos de investigação em Portugal e às várias empresas «dispostas a investir».
A partir de agora, frisou, «o contacto entre investigadores e empresários passará a ser canalizado através da agência».
Na sua opinião, «as condições de base para o sucesso da agência já estão criadas» e a situação até não é «tão má como se pensa».
«O mais importante - uma excelente comunidade base de investigadores - já existe», pelo que «só falta articulação com o tecido empresarial», sustenta.
Do Governo Tim Hogg diz esperar agora um «sinal claro» de apoio ao projecto.
Embora admitindo que tal «não implica necessariamente um financiamento directo», Hogg defende que o Estado possa assegurar «muito do orçamento» da Agência de I&D, «aproveitando melhor o dinheiro que actualmente está a ser gasto em I&D e não está a ser articulado com os potenciais utilizadores».
«Não queremos que haja uma explosão em termos de dinheiro, mas sim que esse dinheiro seja bem gasto, de forma mais racional», sustentou.
A agência será agora, disse, «aquilo que o sector quiser que seja», mas apostará sobretudo em levar os investigadores a comunicarem os resultados que obtêm e em incentivar as empresas a encomendar projectos de investigação e utilizar as respectivas conclusões «de forma produtiva».
Temas como a melhoria das castas, publicidade, marketing, produtividade e percepção no consumidor estarão em destaque, para além de outras áreas que o sector pretenda ver estudadas.
Fonte: Lusa