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EUA testaram com êxito vacina da gripe das aves
2005-08-08

Cientistas norte-americanos afirmam ter testado com êxito, em seres humanos, uma vacina que poderá proteger contra a variante da gripe das aves - o vírus H5N1 -, que alastra actualmente na Ásia e na Rússia e que e considerado como a grande ameaça à saúde pública neste início de século.

"Há boas notícias. Temos uma vacina", declarou ontem Anthony S. Fauci, director do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Contagiosas.Até hoje, apenas foi detectado um número reduzido de casos de infecção pelo H5N1. A Organização Mundial de Saúde (OMS) assinala que, apesar de poucos desses casos terem envolvido transmissão da infecção entre seres humanos na Ásia, o vírus H5N1 não desenvolveu mutação com capacidade suficiente para alastrar em grande dimensão entre os seres humanos.De acordo com as estatísticas actualizadas pela OMS na sexta-feira passada, a gripe das aves já matou 57 das 112 pessoas que foram infectadas pelo H5N1 em quatro países, a saber Camboja (4 casos), Indonésia (1 caso), Tailândia (17 casos) e Vietname (90 casos).Embora Anthony S. Fauci tivesse afirmado que a vacina agora ensaiada em testes preliminares pode vir a ser utilizada como medida excepcional no caso de se desenvolver uma epidemia à escala mundial (pandemia), serão necessários ainda alguns meses para testar o produto e, no caso de vir a ser aprovado, ser colocado no mercado.O responsável afirmou ainda que "por outro lado, não dispomos de toda a vacina de que necessitamos para satisfazer a procura. Agora, o problema é saber se conseguiremos produzir vacina suficiente, tendo em conta a bem conhecida incapacidade de a indústria produzir a quantidade necessária".As autoridades sanitárias têm estado empenhadas numa corrida contra o tempo no sentido de desenvolverem uma vacina contra o H5N1 - transmissível ao homem e considerado a mais perigosa variante do vírus da gripe das aves -, por haver o receio de que ele possa sofrer mutação e combinar-se com um vírus da gripe humana, dando origem a um novo vírus que poderia alastrar rapidamente a todo o Mundo.Têm morrido dezenas de milhões de aves com a doença. Ainda não há provas consistentes de que a transmissão do vírus se faça entre pessoas mas, se isso acontecer, as autoridades sanitárias receiam que o Mundo corra o risco de uma pandemia. Foi este receio que motivou a procura da vacina.Quando o vírus H5N1 foi detectado pela primeira vez em Hong-Kong, em 1997, realizaram-se os testes preliminaries de uma vacina que nunca chegou a ser desenvolvida. Entretanto, o vírus sofreu mutação.Em entrevistas recentes, Anthony S. Fauci revelou que os últimos testes realizados demonstraram ter a nova vacina dado forte resposta imunológica no pequeno grupo de adultos saudáveis (de idades inferiores a 65 anos) que se ofereceram voluntariamente para servir de cobaias. Os testes prosseguirão nos próximos meses, com dois grupos: um de crianças e outro de indivíduos maiores de 65 anos.

Plano nacional já contempla vacinas

Num cenário de pandemia da gripe das aves, as previsões mais optimistas apontam para oito mil mortes em Portugal. Para prevenir essa situação, foi adoptado um plano nacional de contingência, de que é coordenador Francisco George, especialista em saúde pública e subdirector-geral de Saúde.O desenvolvimento de uma vacina terá implicações no plano nacional de contingência para a gripe das aves?O plano prevê uma série de medidas de saúde pública bastante diversificadas, nomeadamente, a utilização de vacina, desde que seja produzida e licenciadas no quadro da União Europeia. As autoridades de saúde dos Estados-membros trabalham em rede e definiram planos de contingência. A utilização de vacinas, tal como o tratamento com medicamentos antivirais e a adopção de medidas de prevenção como quarentenas, constam da estratégia desenhada.Qual é a grande dificuldade em obter uma vacina eficaz ? É preciso que a vacina que vier a emergir consiga fazer corresponder a sua composição e actuação com a estirpe viral que venha a circular. Obter o match perfeito entre estes dois factores é a grande dificuldade. É preciso que a abordagem, em termos globais, assegure também duas condições fundamentais a rapidez do fabrico da vacina e o retardamento da propagação do vírus. Está optimista quanto à eficácia desta vacina? Estou optimista em relação a esta vacina e também aos antivirais que foram introduzidos recentemente no mercado. Caso a pandemia venha a emergir, será a primeira vez que estaremos preparados com vacina e medicamentos antivirais específicos. O mecanismo de acção desta vacina é idêntico a outras vacinas. Cria anticorpos contra o vírus, ou seja, favorece uma resposta imunitária e protectora às estirpes futuras do vírus influenza. O H5N1 ainda não está a circular como agente de infecção humana e a pandemia só ocorrerá caso isso se verifique. A vacina já acautela essa situação.



Fonte: Jornal de Notícias

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