23 de Fevereiro de 2025
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Algumas fontes de açúcar adicionado são piores do que outras. Saiba porquê
2025-01-29

O tipo de produto com açucar adicionado que consome pode influenciar o impacto que tem na sua saúde, revela um recente estudo. Por açúcar adicionado entende-se todo aquele além do naturalmente presente no alimento e que foi acrescentado no processo de confeção.

As bebidas açucaradas foram associadas a um risco maior de desenvolver doenças cardiovasculares do que doces assados, como bolos, começa por explicar a principal autora do estudo, Suzanne Janzi, doutoranda em Epidemiologia Nutricional na Universidade de Lund, na Suécia.

A investigação, publicada na revista Frontiers in Public Health, entrevistou quase 70.000 homens e mulheres suecos sobre as suas dieta e estilos de vida entre 1997 e 2009. Os dados sobre as incidências de doenças cardiovasculares - incluindo acidentes vasculares cerebrais, ataques cardíacos e insuficiência cardíaca - foram recolhidos dos registos nacionais de saúde até 2019.

Os cientistas analisaram o consumo de açúcar em três categorias: uma que englobava bebidas açucaradas; outra que incluía doces assados, como bolos e bolachas, e ainda mel; e uma terceira que se destinava apenas ao açúcar adicionado ao chá ou café.

O consumo de bebidas doces (todos os refrigerantes e bebidas de frutas que não fossem sumos somente de fruta) foi associado a um risco maior de doenças cardíacas do que o consumo de doces como bolos e bolachas, mas, surpreendentemente, os participantes que consumiram a menor quantidade de açúcar não acabaram com um menor risco de doenças cardíacas, admite Janzi.

Não ter açúcar é realmente melhor?

É importante notar que o estudo foi observacional, o que significa que, embora os cientistas tenham encontrado associações, não podem afirmar com certeza que as maneiras como as pessoas consumiam açúcar causavam diferentes taxas de doenças cardíacas, adverte Suzanne Janzi.

Os autores do estudo ajustaram outros fatores que também podem influenciar a associação, incluindo a idade, o sexo, o consumo de álcool, o tabagsimo, o nível de exercício e o índice de massa corporal, ou IMC. Mas pode haver outros fatores importantes que não tenham sido levados em consideração durante a investigação.

Os resultados também são limitados pela população estudada, que é principalmente de ascendência europeia, reconhece Robert Eckel, professor emérito de Medicina no campus médico da Universidade do Colorado em Anschutz e ex-presidente da Associação Americana do Coração.

Fatores externos podem estar na origem da associação entre a baixa ingestão de açúcar adicionado e aumento do risco cardiovascular, já que não há mecanismos biológicos para explicá-lo, diz Janzi.

“Uma teoria é que pessoas com ingestão muito baixa de açúcar podem estar a substituir esse mesmo açúcar por outros alimentos ou nutrientes não saudáveis”, alerta a investigadora. Em causa podem estar, por exemplos, adoçantes.

Também pode ser que aqueles que limitam o consumo de açúcar a níveis extremamente baixos o façam por causa de uma condição de saúde existente, ou que tenham dietas muito restritivas que não fornecem todos os nutrientes importantes de que precisam.

Suzanne Janzi aponta ainda para uma tradição social sueca chamada “fika”, onde as pessoas se reúnem para beber café e comer doces. “Essa prática está tão enraizada na sociedade sueca que muitos locais de trabalho têm programadas 'pausas para fika' diariamente”, conta Janzi. “É possível que o consumo de guloseimas durante essas interações sociais esteja fortemente ligado a relações sociais, que foram previamente ligados à saúde cardiovascular”.

No entanto, Janzi crê que a ligação entre o baixo nível de açúcar e maior risco cardiovascular deve ser mais estudada.

Porque é que é pior beber açúcar do que comê-lo?

Existem algumas teorias biológicas que explicam porque é que as bebidas açucaradas estão mais associadas a doenças cardíacas do que os doces. Uma delas prende-se com o facto de que “os açúcares líquidos são absorvidos mais rapidamente no sistema digestivo, pois não requerem os mesmos processos de decomposição que alimentos sólidos”, explica a investigadora, adiantando ainda que os “açúcares sólidos normalmente fazem parte de alimentos que contêm outros nutrientes, como fibras, proteínas e gorduras”. E estes nutrientes retardam a digestão, o que significa que há uma libertação mais gradual de açúcar na corrente sanguínea, continua Janzi.

Enquanto gorduras, fibras e proteínas em alimentos sólidos fazem a pessoa sentir-se saciada por mais tempo, os açúcares líquidos por norma não satisfazem, o que pode levar à desregulação do apetite e ao consumo de muitas calorias.

“Diferentes fontes de açúcares adicionados também variam nos seus padrões de consumo, o que poderia explicar melhor porque é que se associam de forma diferente ao risco de doenças cardiovasculares”, sugere Janzi.

Menos açúcar e menos refrigerantes

O estudo sugere que não é necessário cortar todo o açúcar para prevenir doenças cardiovasculares. “Todos nós gostamos de uma sobremesa”, reconhece Robert Eckel. “Não deveríamos ter um bolo de aniversário e gelado quando os nossos filhos estão numa festa de aniversário?”, questiona.

O problema é que a maioria das pessoas, sobretudo dos americanos, estão provavelmente a consumir mais açúcar adicionado e bebidas adoçadas são uma das principais fontes. A Associação Americana do Coração recomenda não mais do que seis colheres de chá de açúcar adicionado por dia para mulheres e nove para homens.

Uma redução sustentável pode significar tomar medidas para diminuir o açúcar em vez de parar abruptamente.

“Reduza numa porção por dia até que tenha uma bebida por dia sem açúcar”, aconselha a nutricionista e colaboradora da CNN Lisa Drayer. Pode fazê-lo, por exemplo, com a bebida que acompanha o almoço ou o jantar. “Tente beber essa bebida [sem açúcar] a cada dois dias até que possa eliminar os refrigerantes completamente”.

“Alternar [o consumo de refrigerantes] com água com gás pode ajudar a cortar” o consumo destas bebidas com açúcares adicionados, diz, adiantando ainda que pode até “substituir os refrigerantes por água com gás se gostar de gaseificados”.

Fonte: CNN Portugal

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