Foi publicada na revista Comprehensive Reviews in Food Science and Food Safety uma revisão sobre a segurança das embalagens alternativas de alimentos, com a coautoria de peritos da FAO e da Danone.
O artigo examina os potenciais riscos e oportunidades associados aos materiais reciclados e de base biológica utilizados nas embalagens alimentares, às embalagens reutilizáveis e híbridas e às inovações como as nanotecnologias e embalagens ativas e inteligentes. Ao analisar os regulamentos que regem os materiais de embalagem de alimentos recentes e emergentes, os autores constatam uma falta de harmonização entre os requisitos regulamentares a nível mundial.
Procura crescente de embalagens alimentares sustentáveis
O crescimento da população e dos rendimentos está a impulsionar a procura de alimentos, o que, por sua vez, deverá aumentar a utilização de embalagens para alimentos. As embalagens de alimentos desempenham um papel crucial na manutenção da segurança dos alimentos e na redução do desperdício alimentar. No entanto, é necessário ter em conta a pegada das embalagens convencionais, nomeadamente em termos de circularidade do plástico e de emissões de gases com efeito de estufa. Além disso, o risco de migração dos produtos químicos utilizados nestes tipos de embalagens para os alimentos deve ser cuidadosamente tomado em consideração. Dependendo do nível de migração, este facto pode constituir um problema de saúde, especialmente para certas populações, incluindo as crianças, que são mais vulneráveis aos efeitos das substâncias químicas.
“Esta é uma visão geral do estado da arte sobre a inovação das embalagens alimentares e os potenciais perigos para a segurança alimentar que precisam de ser tratados através de uma abordagem baseada no risco”, disse a coautora Jossie Garthoff, Líder Global de Assuntos Científicos de Segurança Alimentar na Danone.
Soluções de embalagem - oportunidades e desafios de segurança alimentar
Para resolver os problemas ambientais associados às embalagens de alimentos, estão a ser envidados esforços para aplicar princípios circulares às embalagens de alimentos, através de uma abordagem de redução, reutilização, reciclagem e redesenho (4R).
“Atualmente, são necessárias novas soluções de embalagem de alimentos. Identificar e abordar possíveis riscos de segurança alimentar com tais alternativas não só salvaguardará a saúde do consumidor, mas também incentivará mais inovações neste espaço”, disse Keya Mukherjee, Consultora de Segurança Alimentar da FAO e uma das autoras do artigo.
A revisão conclui que, embora alguns riscos potenciais para a segurança alimentar sejam comuns às embalagens convencionais, outros são específicos dos novos materiais que entram em contacto com os alimentos. Entre estes estão a presença de proteínas e o risco de alergenicidade em materiais de base biológica, contaminantes microbiológicos e químicos em embalagens reutilizáveis e a presença de certas substâncias em materiais reciclados que não se destinam a materiais em contacto com os alimentos.
Os autores salientam a necessidade de melhorar continuamente as capacidades analíticas para acompanhar a crescente variedade de substâncias utilizadas em novos materiais que entram em contacto com os alimentos. Estas substâncias devem ser avaliadas adequadamente para garantir que não representam um risco para a saúde dos consumidores. Esta tarefa é dificultada pela falta de regulamentação harmonizada a nível mundial, o que aumenta os desafios para todos os intervenientes na cadeia alimentar, incluindo a indústria alimentar.
O artigo propõe uma abordagem “Uma Só Saúde” para avaliar novas embalagens de alimentos. Ao avaliar os riscos e determinar os impactos nos seres humanos, nos animais e no ambiente em conjunto, esta abordagem poderá apoiar o desenvolvimento de embalagens mais sustentáveis no futuro.
Este trabalho faz parte de uma parceria entre a FAO e a Danone para aumentar as práticas alimentares e agrícolas sustentáveis e proporcionar às pessoas o acesso a alimentos mais diversificados e saudáveis. Um dos pilares da parceria é a troca de informações sobre questões emergentes de segurança alimentar, incluindo novas tendências e fatores de mudança.
Fonte: FAO