A banana está novamente ameaçada por um fungo conhecido como Fusarium oxysporum cubense (Foc), causador da doença do Panamá. Infeta o solo e bloqueia os canais que transportam água e nutrientes para a planta, fazendo-a murchar e morrer. Não há cura conhecida. Uma das soluções passa pela utilização da tecnologia dos OGM.
Enquanto os humanos têm duas cópias de cada cromossoma (diplóides), algumas plantas podem ser poliplóides, com múltiplas cópias genéticas. A banana moderna é triploide – tem três cópias de cromossomas –, o que a torna estéril. No entanto, as bananas podem ser propagadas a partir de rebentos ou do rizoma da planta-mãe.
Num texto publicado no site do American Council on Science and Health, Charles Dinerstein, cirurgião vascular e ex-diretor desta organização de promoção da ciência , afirma que a natureza triploide da banana é simultaneamente uma vantagem e uma fraqueza. “Esta característica permitiu produzir uma fruta nutritiva e de sabor consistente, mas também a tornou vulnerável a doenças, já que todas as bananas são clones genéticos. Embora a clonagem facilite a produção em grande escala, também aumenta o risco de pandemias agrícolas, como aconteceu com a praga da videira francesa no século XIX.”
No mesmo texto, Charles Dinerstein escreve que a banana está novamente ameaçada por um fungo conhecido como Fusarium oxysporum cubense (Foc), causador da doença do Panamá. “Este fungo infeta o solo, bloqueando os canais que transportam água e nutrientes para a planta, fazendo-a murchar e morrer. Não há cura conhecida.” O Foc pode passar despercebido durante muito tempo, facilitando a sua disseminação. Plantas aparentemente saudáveis são replantadas, espalhando o fungo. Além disso, o Foc gera novas variantes.
Ainda segundo Charles Dinerstein, a variedade original de banana, Gros Michel, foi devastada por este fungo. A variedade Cavendish foi inicialmente resistente, mas uma nova variante, o TR4, está agora a afetá-la. O TR4 surgiu na Ásia nos anos 80 e já se espalhou pela Ásia, África Ocidental e Colômbia, onde foi declarado o estado de emergência.
As plantações de banana são altamente dependentes de pesticidas, sendo uma das culturas que mais utiliza químicos a nível global. A monocultura – a prática de cultivar apenas uma variedade genética – facilita a propagação de doenças como o TR4. Apesar das tentativas de controlo, como a quarentena e a gestão do solo, o fungo continua a espalhar-se. Algumas práticas agrícolas, como a rotação de culturas com alho-francês chinês, mostraram-se eficazes na redução da doença. No entanto, estas soluções ainda não são suficientes.
Uma potencial solução, acrescenta Charles Dinerstein, “é a utilização de organismos geneticamente modificados (OGM). A banana que consumimos é, de certa forma, um OGM natural devido à sua natureza triploide. No entanto, a única maneira de diversificar geneticamente as bananas é através da intervenção humana, seja por técnicas tradicionais ou avançadas. Genes resistentes ao TR4 foram identificados numa variedade selvagem de banana e inseridos na Cavendish, criando uma versão transgénica chamada QCAV-4.” Esta variedade, mais resistente ao TR4, foi aprovada para produção comercial na Austrália em 2023, tornando-se o primeiro país a autorizar esta banana geneticamente modificada.
Apesar disso, a Europa continua relutante em aceitar a tecnologia OGM, colocando em risco uma grande parte do mercado global de bananas. Esta resistência já afetou outras culturas, como a batata Innate, cuja produção foi boicotada por ativistas que ameaçaram as grandes empresas consumidoras.
A banana é um alimento essencial para a segurança alimentar de cerca de 400 milhões de pessoas em todo o mundo. Desde a sua viagem da Nova Guiné até ao mercado global, a história da banana revela a vulnerabilidade dos sistemas agrícolas. “Para garantir a sobrevivência da banana, serão necessárias soluções como a modificação genética, práticas agrícolas sustentáveis e cooperação internacional”, defende o autor.
Fonte: CiB - Centro de Informação de Biotecnologia