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Mais de 5,5 milhões de toneladas de plástico entraram nos oceanos na primeira metade do ano
2024-07-03

Em cada ano poderão ser consumidos no mundo cinco biliões de sacos de plástico, mais de 600 por pessoa, com cada um a ser usado em média menos de 25 minutos.

Mais de 5,5 milhões de toneladas de plástico entraram nos oceanos só este ano, indicam dados da organização ambientalista WWF, que alerta também para o elevado consumo de sacos de plástico, um milhão por minuto.

A propósito do Dia Internacional Sem Sacos de Plástico, que hoje se assinala, as organizações ambientalistas portuguesas Zero e Quercus alertam para a necessidade de se restringir o consumo dos plásticos descartáveis e se apostar na circularidade dos produtos.

O Dia Internacional Sem Sacos de Plástico, destinado a sensibilizar para a necessidade de acabar com o consumo de sacos de plástico de uso único e de promover a conservação ambiental, foi criado pela organização “Bag Free World” e comemora-se sempre no terceiro dia de julho, sem tema específico para cada ano.

O plástico pode demorar centenas de anos a degradar-se e afeta especialmente o sistema marinho (80% do lixo marinho é plástico), com dezenas de espécies a ingerirem plástico e a ficarem presas nele. A organização “World Wide Fund for Nature” (WWF) estima que em cada ano morrem 100.000 mamíferos marinhos devido à poluição por plástico.

Num comunicado sobre a efeméride a associação ambientalista Quercus apela para “um futuro livre de plásticos descartáveis” e salienta a importância de uma economia circular que valorize os recursos em vez do habitual “produzir, usar e descartar”.

A associação lembra no documento que os sacos de plástico foram inventados em 1959 pelo engenheiro sueco Sten Gustaf Thulin (que considerou bizarra a ideia de que as pessoas deitassem fora os sacos, segundo o filho) e que os mesmos começaram a aparecer em Portugal na década de 1980.

Em 2015 entrou em vigor uma taxa obrigatória de 0,08 euros para sacos de plástico leves. Estava prevista para janeiro deste ano uma taxa de 0,04 euros para sacos ultraleves mas foi adiada. No ano passado os sacos estiveram para ser proibidos mas a norma foi revogada.

A Quercus enfatiza no comunicado que em cada ano poderão ser consumidos no mundo cinco biliões de sacos de plástico, mais de 600 por pessoa, com cada um a ser usado em média menos de 25 minutos.

Citando dados do Eurostat, a Quercus diz que a reciclagem do plástico também enfrenta desafios e que em 2018 apenas 32% dos resíduos plásticos na Europa foram enviados para reciclagem.

Afirmado que são os governos e as grandes empresas que podem alterar a situação, a associação sugere que os consumidores deixem de usar plástico, que repensem antes de deitar produtos fora e que não comprem impulsivamente.

Mais do que apontar o dedo ao plástico o importante é “perceber que o problema está no modelo de usar e deitar fora, no descartável”, disse à Lusa Susana Fonseca, da associação ambientalista Zero, que dá os têxteis como outro exemplo do descartável.

“O problema está no modelo de produção e consumo que exige quantidades imensas de materiais para produzir bens de vida curta. Se reduzirmos o uso de plástico, mas não alterarmos o modelo, vamos estar, no essencial, a transferir impactos de um lado para o outro”, adiantou.

A WWF diz que sem medidas imediatas a poluição por plásticos poderá triplicar até 2040 e lembra a importância da quinta e última ronda de negociações (em novembro na Coreia do Sul) para se chegar a um tratado global para acabar com a poluição por plástico, considerando que a produção e o consumo “estão fora de controlo”.

A WWF alerta que em cada ano a União Europeia produz 3,4 milhões de toneladas de sacos de plástico e que não faz sentido produzir algo que dura centenas de anos para ser usado alguns minutos.

Segundo o movimento ambiental e de sustentabilidade Zero Waste Europe, “se o mundo não parar completamente a produção, dentro de 30 anos o peso dos sacos de plástico atirados para os mares e oceanos ultrapassará o de todas as criaturas que neles vivem”.

Fonte: Jornal Económico

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