As laranjas são uma parte significativa da identidade agrícola de Portugal. No entanto, a indústria dos citrinos está ameaçada por uma doença devastadora conhecida como greening ou Huanglongbing (HLB).
Esta doença, causada pela bactéria Candidatus Liberibacter, já afetou gravemente a produção de citrinos em várias partes do mundo, incluindo Ásia, África e Américas, e está agora perigosamente perto da Europa.
O HLB é transmitido principalmente por insetos chamados psilídeos, especificamente o psilídeo africano Trioza erytreae e o mais perigoso psilídeo asiático Diaphorina citri. Estes insetos transmitem a bactéria às árvores de citrinos, onde esta bloqueia o fluxo de nutrientes, provocando o amarelecimento das folhas, frutos amargos e deformados e, eventualmente, tornando as árvores improdutivas.
A doença não mata diretamente as árvores, mas faz com que os frutos não possam ser vendidos, explica o El Confidencial.
Portugal é particularmente vulnerável a esta doença devido à presença da psilídeo africano, que já foi detetado nas regiões do sul do país, incluindo o Algarve. Embora o psilídeo asiático ainda não tenha sido detetado em Portugal, a sua recente deteção no Chipre sugere que poderá espalhar-se para outras partes da Europa, representando um risco para a indústria de citrinos do Mediterrâneo, incluindo Portugal.
Para fazer face a esta ameaça, investigadores e peritos agrícolas estão a trabalhar em várias estratégias para evitar a propagação do HLB. Uma das principais abordagens consiste em monitorizar e controlar a população de psilídeos nas áreas afetadas.
O problema é que o controlo deste inseto é um desafio, sobretudo porque os sintomas do HLB podem demorar até um ano a tornar-se visíveis, altura em que a doença pode já ter-se propagado.
Nas regiões onde o HLB se instalou, como a Florida nos Estados Unidos, o impacto tem sido devastador, com um declínio de 90% na produção de citrinos nos últimos anos. A situação em Portugal poderá seguir uma trajetória semelhante se não forem implementadas medidas preventivas de forma rápida e eficaz.
Um dos desafios no controlo do HLB é a redução do uso de pesticidas químicos na União Europeia, devido aos seus efeitos nocivos em insetos benéficos como as abelhas. Outra abordagem que está a ser investigada é a utilização de peptídeos antimicrobianos para atacar diretamente as bactérias, embora ainda se encontre em fase experimental.
A longo prazo, a solução mais eficaz poderá ser o desenvolvimento de variedades de citrinos geneticamente resistentes ao HLB. Os investigadores estão a explorar o potencial da resistência genética encontrada em espécies da Oceânia, que poderia ser introduzida em variedades comerciais cá.
Fonte: ZAP