A utilização de agentes antimicrobianos na agricultura e na produção alimentar contribuiu significativamente para melhorar o bem-estar dos animais e tornar os sistemas de produção mais seguros. Estes medicamentos são a única forma de tratar as doenças bacterianas e continuam a ser uma peça fundamental dos sistemas agro-alimentares mundiais.
No entanto, a utilização excessiva e incorrecta destes instrumentos críticos pode levar ao desenvolvimento da resistência antimicrobiana (RAM), que não só ameaça a saúde humana como também compromete a viabilidade a longo prazo da produção agrícola. Esta crise sanitária mundial, se não for resolvida, pode diminuir décadas de progresso nos cuidados de saúde e na agricultura.
Para garantir que estes medicamentos continuem a ser eficazes nas próximas décadas, é necessário reduzir a necessidade de utilizar antimicrobianos através de uma melhor prevenção das doenças. Esta é a única forma de reduzir a utilização de uma forma que respeite o bem-estar dos animais, e é por isso que a FAO lançou o programa Pathways to Reduce the Need for Antimicrobials on Farms for Sustainable Agrifood Systems Transformation (RENOFARM).
Um novo relatório, "Como a prevenção pode reduzir a necessidade de antibióticos", descreve as ferramentas e práticas que podem reduzir a necessidade de antimicrobianos, como a vacinação, a biossegurança, a genética, as tecnologias digitais e muito mais. A equipa RENOFARM da FAO e o Grupo de Trabalho AMR apoiaram o desenvolvimento do relatório.
Os estudos de caso no relatório explicam como as ferramentas de prevenção foram capazes de:
Reduzir a utilização de antimicrobianos em 99,8% no salmão escocês através de novas vacinas.
Aumentar o rendimento das explorações agrícolas, reduzindo simultaneamente a utilização de antibióticos nas aves de capoeira através da vacinação contra a E. coli.
Melhorar a imunidade natural contra doenças bacterianas através de aditivos fitogénicos para a alimentação animal.
Reduzir a utilização de antibióticos em 44% e produzir mais 35% de leite nas vacas leiteiras através de uma melhor genética, entre outros.
Além disso, o relatório traça o perfil de vários projectos que ajudaram a implementar melhores práticas de prevenção em mercados desenvolvidos e emergentes. Por exemplo, a vacinação de 37 milhões de aves com um dia em incubadoras na África Ocidental, Oriental e Austral e o desenvolvimento de “Coligações de Utilização Responsável” na Europa, Reino Unido e Brasil.
A diversidade de ferramentas e projectos demonstra como a prevenção de doenças pode assumir muitas formas, dependendo das condições e necessidades do mercado. Isto significa que, independentemente da região ou do país, todos os produtores podem encontrar formas de reduzir a necessidade de antimicrobianos e de se protegerem contra o desenvolvimento de resistências. Como a prevenção pode reduzir a necessidade de antibióticos será uma parte importante do projeto RENOFARM nos próximos anos.
Fonte: FAO & Qualfood