O consumo de água engarrafada tem de ser repensado, uma vez que tem impactos crescentes tanto na saúde humana como na do planeta, alerta um artigo publicado nesta terça-feira na revista científica BMJ Global Health. Estima-se que um milhão de garrafas de plástico são compradas por minuto no planeta, um número que só tende a crescer, de acordo com os autores do artigo.
“É vital que as populações e os governos compreendam que a conveniência da água engarrafada em plástico tem um custo elevado tanto para a saúde humana como para a do planeta. A água da torneira em muitos países de rendimento alto e médio-alto é não só mais segura e mais acessível, como também mais sustentável”, afirma o co-autor Amit Abraham, docente no Instituto de Saúde Populacional de Weill Cornell Medicine, no Qatar.
O comentário publicado na BMJ Global Health detalha que entre 10% e 78% das amostras de água engarrafada contêm contaminantes, incluindo microplásticos, ftalatos (utilizados para tornar os plásticos mais duráveis) e bisfenol A (BPA). Ainda que existam limiares de segurança a curto prazo, refere o artigo, os efeitos a longo prazo destes contaminantes permanecem em grande parte desconhecidos.
“As condições de armazenamento da água engarrafada aumentam significativamente o risco de os contaminantes do plástico lixiviarem. Armazenamento prolongado e exposição a altas temperaturas ou luz solar podem fazer com que compostos químicos nocivos, como o BPA e os ftalatos, passem para a água”, escrevem os autores.
A contaminação por microplásticos está associada, na saúde humana, ao stress oxidativo, à desregulação do sistema imunitário e a alterações nos níveis de gordura no sangue. Já a exposição ao BPA tem sido relacionada com problemas de saúde como a hipertensão arterial, as doenças cardiovasculares, a diabetes e a obesidade.
Fonte: Público