Investigadoras identificaram exposição humana a 79 substâncias potenciais causadoras de cancro da mama presentes em materiais em contacto com alimentos, 80% das quais em plásticos.
Quase 200 potenciais agentes associados a cancro da mama foram encontrados em embalagens e outros materiais em contacto com os alimentos (FCM, na sigla em inglês) existentes no mercado, de acordo com um estudo da fundação Food Packaging Forum publicado nesta terça-feira.
Nas conclusões do artigo publicado na revista científica Frontiers in Toxicology, as investigadoras alertam para lacunas na regulamentação e sublinham a necessidade urgente de medidas preventivas mais fortes para reduzir a presença destes químicos cancerígenos nos produtos de uso quotidiano.
As investigadoras incluíram na sua análise apenas os estudos mais recentes (2020-2022) disponíveis na base de dados FCCmigex, que reúne informações de milhares de estudos científicos publicados sobre produtos químicos em materiais (FCM) que entram em contacto com os alimentos. Estes estudos recentes imitam condições mais realistas de transferência (migração) destas substâncias presentes nos materiais. A amostra utilizada incluiu materiais em contacto com os alimentos que foram adquiridos nos últimos anos em vários países, incluindo regiões com regulamentação robusta, abrangendo a União Europeia e os EUA.
Mesmo considerando apenas as condições de utilização realistas, foram encontradas provas de exposição a 76 substâncias suspeitas de serem cancerígenas para a mama provenientes de FCM compradas em todo o mundo, 61 das quais (80%) são de plásticos.
Ou seja, apesar da regulação existente — aliás, o cancro é um dos poucos indicadores de saúde especificamente visados nos regulamentos e testes destes componentes —, continua a haver uma exposição contínua da população mundial a estes químicos.
Para a directora-geral do Food Packaging Forum, Jane Muncke, a descoberta da dimensão das lacunas na regulamentação é também uma oportunidade para a prevenção da exposição humana a químicos que causam cancro da mama. Para a co-autora do estudo, “o potencial de prevenção do cancro através da redução dos produtos químicos perigosos na vida quotidiana é pouco explorado e merece muito mais atenção”.
Fonte: Público