As Associações representantes da produção de cereais (cereais praganosos, milho e arroz) alertam para uma situação de emergência no sector dos cereais, resultado da queda abrupta dos preços à produção provocada não só pela entrada massiva de grão importado de países terceiros, como também do aumento dos custos de produção.
Nos últimos 6 anos, desde a campanha 2020, os custos médios aumentaram cerca de 55% enquanto o cereal valorizou apenas 20%.
Esta concorrência desleal está a colocar em risco centenas de explorações e a ameaçar um sector considerado estratégico para a soberania alimentar nacional.
Os agricultores portugueses são obrigados a cumprir regras ambientais, fitossanitárias e laborais muito exigentes, enquanto nos portos entram cereais produzidos em países com critérios muito menos rigorosos.
Não há igualdade de condições!
Perante este cenário, cresce o sentimento de revolta no terreno e multiplicam-se os agricultores que ponderam não avançar com as sementeiras na próxima campanha, uma vez que os custos de produção já não encontram correspondência no preço pago.
«As contas não fecham e trabalhar no vermelho deixou de ser sustentável», alertam.
Medidas urgentes exigem-se!
É urgente uma resposta imediata do Governo português e da União Europeia, exigindo medidas concretas:
Um sector estratégico em perigo
A produção de cereais em Portugal não é apenas uma actividade económica: «Está em causa a preservação de solos agrícolas, a fixação de população no interior, o combate à desertificação, a manutenção da biodiversidade e o equilíbrio dos ecossistemas, e a redução da dependência externa em bens alimentares básicos».
O sector dos cereais em Portugal ocupa uma área que ronda os 250 mil hectares e está presente em cerca de 95 mil explorações agrícolas distribuídas de Norte a Sul do país.
Sem uma intervenção rápida e determinada, o país arrisca-se a assistir ao colapso de um sector vital para o equilíbrio do território e para a segurança alimentar das próximas gerações.
Fonte: Agronegócios