17 de Outubro de 2025
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Portugal desperdiça milhões de toneladas de alimentos e óleo
2025-10-16

Portugal continua a desperdiçar recursos com elevado valor energético e ambiental. Segundo a Associação de Bioenergia Avançada (ABA), o país precisa de reforçar a recolha e valorização dos resíduos alimentares, em particular dos óleos alimentares usados (OAU), para produzir biocombustíveis avançados — uma das soluções mais eficazes para reduzir as emissões do setor dos transportes.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), o país desperdiça cerca de 1,93 milhões de toneladas de alimentos por ano, o equivalente a 182,7 kg por habitante. As famílias são responsáveis por mais de dois terços deste desperdício, o que reforça a necessidade de maior sensibilização e educação ambiental.

Recolha de óleo alimentar usado ainda é residual

Um dos exemplos mais evidentes deste problema é o baixo aproveitamento do óleo alimentar usado, um resíduo comum nas cozinhas portuguesas, mas com grande potencial energético.
Segundo um relatório da ZERO, a média nacional de recolha nos municípios com mais de 100 mil habitantes é de apenas 0,11 litros por pessoa/ano. Mesmo os concelhos com melhor desempenho — Maia, Seixal, Oeiras, Matosinhos e Amadora — recolhem entre 0,18 e 0,29 litros, enquanto os piores casos não ultrapassam 0,06 litros.

A reciclagem de óleos alimentares usados é um exemplo claro de economia circular em ação. Quando corretamente encaminhado, este resíduo pode ser transformado em biocombustíveis avançados, reduzindo as emissões de CO₂ até 90% face aos combustíveis fósseis”, explica Ana Calhôa, secretária-geral da ABA.

A responsável recorda ainda o impacto ambiental da má gestão destes resíduos: “um litro de óleo pode poluir cerca de um milhão de litros de água”.

De resíduo a recurso: uma cadeia de valor sustentável

A transformação dos óleos alimentares usados em biocombustíveis envolve várias etapas — recolha, tratamento, refinação e utilização final em transportes públicos, frotas rodoviárias e aviação.

Em 2024, este subproduto representou 22% da matéria-prima utilizada na produção nacional de biocombustíveis, segundo o relatório anual da ABA, consolidando o seu papel na diversificação da matriz energética portuguesa.

Portugal tem uma oportunidade estratégica de potenciar a recolha de óleos alimentares e integrá-la numa visão mais ampla de descarbonização do transporte. Ao transformar resíduos em energia limpa, reduzimos simultaneamente a poluição, a dependência energética externa e o desperdício”, reforça Ana Calhôa.

Biocombustíveis e metas europeias

A ABA lembra que a produção de biocombustíveis a partir de matérias-primas residuais — como óleos usados, gorduras animais e subprodutos alimentares — é uma das vias mais eficientes para atingir as metas europeias de energia renovável no setor dos transportes até 2030.

Para alcançar esse objetivo, a associação defende três prioridades estratégicas:

  1. Reforçar o investimento na sensibilização pública, para aumentar a participação das famílias na recolha seletiva;
  2. Expandir a rede de oleões públicos e industriais, garantindo maior cobertura territorial;
  3. Promover políticas locais de economia circular, que integrem a energia limpa como eixo de desenvolvimento sustentável.

“Cada litro de óleo conta”

No Dia Mundial da Alimentação, assinalado ontem, 16 de outubro, a ABA lança um apelo à responsabilidade coletiva — de consumidores, empresas e autarquias — para reduzir o desperdício alimentar e reciclar corretamente o óleo usado.

São gestos simples com um impacto ambiental profundo. Cada litro de óleo reciclado é um passo para a produção de energia limpa, a redução da poluição e o fortalecimento da economia circular em Portugal”, conclui Ana Calhôa.

Fonte: Grande Consumo

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